sexta-feira, 27 de julho de 2007

viajantes no limbo da sub-vida
criaturas erráticas em fúnebre procissão
almejando pequenos lampejos de felicidade
conformados na sua destruição
vagueando inutilmente numa não-existência
fabricada de superficialidade
servos do trabalho da máquina de tudo
excepto de si próprios
abençoados pela produção absolvidos
pelo consumo aguardando
a imolação na linha de montagem castrante
da imaginação
vazios de tudo
perdidos a venerar o fim
um fim qualquer fim
fim que os poupe aos sonhos
destroçados
fim da angústia perante a realidade
num dia a dia que enfrentam
sós sós
ludibriados pelas necessidades
que não os libertam
sós perante si perante a imagem
que o espelho lhes devolve que eles crêem
distorcida
mas crua nua viva
vida no limiar
vida que não é vida
vida como sobrevivência
sem resistência
um lento arrastar
definhar definhar definhar
perante esse lento desfilar de anos
as decisões que não tomam
os actos não consumados
pelo medo a prisão
o terror do abandono
à sua sorte à liberdade
ao lado selvagem à verdade
a algo que os furte
a uma vida de trajectos pré-definidos
de morais pré-estabelecidas
apreendidas de tenra idade
não questionadas desafiadas
analisadas e reequacionadas
perdidos perdidos
no seu vazio
num não-espaço num nada não-ser
não ser nada
absoluto
nada-total nada infindo
anulados
não-creativos
cegos de si
em si
cegos perante a sua ausência
em mudez histórica
sem nudez sem beleza
fulgor
chama incontrolável a trespassar
a noite intransponível

2 comentários:

jorgeferrorosa disse...

Palavras da procissão das letras,
Rios de felicidade dispersa...
Força faga nos carris do tempo
Os que estão tomados no sorriso.

Vagueio pelos teus escritos...
Na montagem das máquinas, aquela
No pretérito da imaginação, gritos
De me perder ao sair pela janela.

Venero o fim da realidade...
Os momentos ludibriados, esses
As imagens que devolves da nudez
Duas, uma, não, mais... três!
Tudo isso depois do calor e da chuva
Com a entrega venerada, recolhida
A minha, a tua, aquela outra vida.

Imagens, espelhos, vontades...
Na lentidão tomas o olhar...
Os ecos consumados,
Prisão da palavra,
Trajectos que repousam
No vazio do absoluto
Por uma liberdade ateia.

A verdade fere o sonho...
A rejeição é abandono!
Sobrevivência encetada,
Por aqui, na angústia
A outra face... tracejada.

Indecisão história na filosofia,
Com os pontos da resistência...
O poema feito no cemitério,
Escrito o outro na igreja
Não importa quem veja, é meu império
É minha chama de magia,
Certamente o vago na heresia.

Gostei do teu poema; este, saiu inpirado no teu. Continua a escrever.

Abraço da Alma

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom