terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

regressas sempre ao mesmo lugar.
vindo de todo o lado, tentando voar
para um lugar mais alto, para onde
te esqueças de tudo aquilo que
nunca conseguisses que fosse teu.

mas acabas sempre por voltar.
não ao ponto de partida, não aonde
conseguiste encontrar refúgio, sonhar
que um dia, em algum momento,
tudo melhoraria, porque isso sabes ser
uma grandiosa ilusão.

mas, aquilo a que sempre regressas,
é o momento em que sentes tudo
a desabar, a ferir-te, o lento esmagar
de mais um estilhaço de um sonho,
que atinge tudo de mais íntimo,
vibrando numa grave ressonância
onde pressentes a revelação de um futuro
que nunca nunca desejaste...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

deixa arder em ti a chama do desassossego,
deixa-te consumir por essa sede impossível de saciar
e observa a trémula luz que incandesce as falésias do abismo
num sinal da aurora que se avizinha.

invoca os espíritos a norte, sul, este e oeste
e grita ao vento que a hora é chegada
para a tua ascensão.

dirige o teu olhar para o mais alto promontório
e encara a falésia como aquilo
que te ajudará a alcançar o cume,
ao invés de um obstáculo a vencer.

firma-te no ponto último da tua descida
e grita: "até aqui mas não um passo mais",
e compreende que chegou o momento de ganhar os céus
sob o signo da fénix...