vivemos dias de incerteza com o futuro
a carregar-se de tons progressivamente mais escuros
corrigimos rotas, reanalisamos os percursos nos mapas
mas sabemos que o destino será sempre uma incógnita
no cais abandonamos opções e objectivos
no alto-mar teremos apenas o acaso
mas o bilhete que compramos não incluía
o uso de salva-vidas
navegamos na obscura noite
angústia em antecipação do choque
na gélida corrente
os destroços de outros naufrágios cercam-nos
investimos na bruma
cabeças erguidas e espíritos temerosos
seguros na queda e duvidosos da chegada
zarpámos com urgência deixando
uma distância eterna entre nós
e a costa
navegamos sob um céu carregado e sem estrelas
sem instrumentos de auxílio à navegação
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
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1 comentário:
Penso que vivo no além...
Talvez pense e não vivo!
Apenas vou e contino a andar
São as rotas, o ir sem destino
Lavrando mapas incógnitos,
Acasos e incertezas que oprimem
Passeios sem mais voltar.
Não sei o que é... ânsias talvez!
Não te sei dizer da noite escura
Não te sei dizer nada!
O tempo toma-me assim...
Perco-me neste naufrágio
Nas brumas da sensibilidade
Perco-me nas dúvidas constantes
Na agressividade das palavras
Nas brumas sem linguagem
Simplesmente distante.
Não sei mais daquelas palavras,
As outras estão mortas, lá...
Entre as outras todas impróprias,
Tal como o sentido, muitas vezes
Onde a incerteza abala!
E a corrente é apenas conexão.
Profundo o teu poema, contornado por grande simbolismo e força de expressão. Gostei. Parabéns.
Amigo nunca deixes de escrever.
Um abraço da Alma
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