habito no silêncio, mais que um refúgio ele é
uma constante. mais uma dessas constantes que
juntamente com a solidão se entranha, me separa,
para o pior, fazendo-me sentir só, no meio da turba.
este silêncio em que continuamente peso e repeso
decisões tomadas ou não, que sempre me trouxeram
hipóteses perdidas e realidades não desejadas.
e essa solidão feita de beijos ausentes e carícias
perdidas para não mais voltarem, deixando apenas
a sua teimosa memória e a reluctância de constatar
que a vida já não é mais a mesma, que os anos passaram
e que o futuro jamais será igual.
detenho-me nas multidões olhando em redor em busca,
nos rostos que perscuto, de alguma anuência, um
reconhecimento, desses que nunca consigo obter.
mas, na realidade, estou sempre para lá da barreira
da invisibilidade, da frieza, em que este mundo
há muito se tornou.
esta vida sem norte, terrivelmente vivida aquém
das capacidades, das promessas, dos anseios,
com valor reconhecido por quem nada pode fazer,
esta vida, esta mesma, encontrou motivos para
o seu definhamento, a sua nulidade, quando tudo
deveria ditar o seu término.
por vezes cansam-me, enfurecem-me, estes monólogos
feitos de negrura que vou deixando pontuando momentos
plenos de uma quase ausência de comentários.
irónica marca de uma existência de vazios,
de sensações semi-vividas, de objectivos adiados
sine die. sic itur ad astra, sic itur ad nihil.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
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1 comentário:
Por vezes interrogo-me acerca do local onde habito e se realmente onde estou será o melhor! Vim visitar-te à tua casa virtual, como por norma o faço, para te ler e meditar acerta desse estado de sensibilidade profunda. Esse sentir também é o meu e precisamente neste momento, o sentir-me só. O que é que guardamos no silêncio? Serão hipóteses perdidas? Alguma coisa será... tudo se vai perdendo, sinto isso no passar dos dias. Memórias que tomam um passado. A mémória possibilita esta situação e outras mais estarão por surgir!
Em algumas partes do que escreves, amigo, assustas-me, dá a sensação que algo não está bem, algo te agita a alma, quanto mais não seja, tu contigo próprio. Monólogos de que falas... como entendo isso! Passo muito dos meus escritos em profundos monólogos, como se estivesse a falar para alguém, quando esse alguém nunca existe e simplesmente sou eu. O que dizes é demasiado profundo. Gosto e sinto parte disso mesmo. Este comentário foi feito estando a ler o teu escrito, e penso que dele surgirá o meu próximo post, que te dedico com amizade.
Grato sempre por aquele dia que trocaste impressões comigo, no teu espaço. Obrigado por tudo e força.
Hoje sinto-me triste, mas isto vai passar...
Abraço da Alma
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