quarta-feira, 14 de setembro de 2011

é o silêncio que paira sobre tudo isto.
um silêncio denso. como que uma muralha
que, após ser construída, foi sendo reforçada
ano após ano.
irónica figura de estilo, por nessa muralha
estar na verdade a única saída, a única voz...

é o vazio que domina isto tudo.
um vazio imenso. como se nos sentássemos
no fim do universo e pudéssemos ver
todo o vazio que existe para além.
todo o vazio que nada é, que tudo poderia ser.
estranha figura de estilo, por esse vazio
ser o que na verdade me preenche,
que propaga a minha voz...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

desço agraciado pelas sombras,
na solitária companhia dos vultos
que o tempo esqueceu.
solícitos na sua compreensão, rejeito porém
os ombros que me oferecem.

nunca estou em paz! nem estes vultos
que comigo ombreiam,
contando comigo para sua memória
vislumbram o opaco vazio que me assoma.

não sou alfa nem omega, apenas a fugaz impressão
de algo que não foco.
um corpo à deriva até passar o limite último
deste sistema
e enveredar pela trajectória do oblívio.
quem era? existiu? nada ficou!...
... ... ... ... ...

sorri, enquanto for essa a tua hora
e a grandeza da tua sombra crepuscular
vencer o mais alto edifício que te acerque.
após isso, resta-nos... nada...