terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

nessa estrada que se embrenha nas profundezas
ultrapassamos o nosso último marco a cada
nova viagem,
nessa estrada que nos conduz aonde sempre negamos
que chegaríamos.

a cada novo passo, nova jornada, banindo
a esperança dos nossos destinos,
passada pesada na inevitabilidade do confronto
com a negrura que olhamos de frente.

e, no entanto, quão fina é a linha
entre a coragem e o abandono enquanto descemos
por esse caminho ventoso e frio, juncado de pedras
que ora nos detém ora nos impelem
para uma queda maior.

que violência nos aguarda no fim,
que esquecimento?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

antes que a noite caia
e a tua memória de mim se desvaneça
antes que a noite caia
antes que um adeus possa ser proferido
e partamos trilhando diferentes caminhos
antes que a noite caia
e na escuridão a minha mão
já não consiga tocar a tua
antes que a noite caia
e nessa noite o sonho
daquilo que desejava ser se desvaneça
e os meus olhos já lá não estejam
para te fitar
e a minha voz já não seja ouvida
para te sossegar
antes que a noite caia
embalando a melancolia
numa última sonolência
antes que a noite caia
sem que o dia me esclareça
os porquês que me assombram
deixando no ar um amargor
que acompanha o último suspiro
antes que a noite caia
retém de mim aquilo
que não queres que o tempo te furte
quando ele se encarregar de ocultar
as marcas da minha presença
nas ondas que gritam junto às rochas
antes que a noite caia
e o cansaço se apoderar do meu corpo
e o desespero da minha mente
trazendo consigo a memória
das horas perdidas a contemplar o desespero
das horas perdidas no desespero
antes que a noite caia
e o silêncio encontre o meu silêncio e saiba
que há muito a noite já caiu
antes que a noite caia
e se aperceba da ironia que sempre foi
caminharmos lado a lado quando eu
sempre aguardei que o dia se erguesse
antes que a noite caia
antes que a noite caia