este vazio devorador
que marca presença nas encruzilhadas
em que somos chamados a decidir
sobre o trajecto que tomamos
para o nosso fim
e nos consome em largos tragos,
vultos desenhados pela lesta mão dos nossos medos,
da nossa apatia, da nossa falta de definição.
sentirmo-nos deslocados num mundo que sempre nos parece
dominado por uma cristalina riqueza de pormenores
que esbate o nosso contorno até uma suavidade etérea,
desvanecente, nula
e nós teimosamente a debatermo-nos,
última resistência de uma inevitável presa,
teimosamente alheios à crueza
da futilidade de uma existência consagrada
ao seu próprio extermínio
sem a percepção necessária para concluir
que o vazio em nosso redor é
a nossa própria projecção.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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