olho as tuas fotografias e não me consigo recordar
de quando o teu rosto era aquele que me olha nelas
como queria agarrar-te para sempre embalar-te
e preservar-te nesse estado em que ainda sou tanto para ti
amo-te mais do que consigo exprimir
e assusta-me não ser aquilo
que os teus olhos vêem
trago oculta em mim a angústia do momento
em que entenderás que eu nunca
consegui viver à altura do que poderia
ter sido
não sabes a tristeza que carrego e que
não quero nunca que seja tua
nem as noites que prolongo perdido em busca
de algo que nem consigo definir na imobilidade
vivo suspenso entre a realidade que sou e o vislumbre
da minha probabilidade e aí
perco-me na indefinição da hipótese e da capacidade
não conseguirás entender a sucessão de registos temporais
que de ti guardo até tu própria vivenciares os teus
e aí já o tempo sem perdão se terá encarregado
de quebrar os laços
não imaginas o que consigo ver no teu futuro
e como a sua luz contrasta com
o que vislumbro no meu
vivo com o fantasma de uma oportunidade niilista
aguardo a chegada do fim com a convicção
do nada que ele encerra e assim emoldurado
projecto a angústia e urgência da vida
enquanto engatilho e aponto as minhas armas a um alvo
que projecta o seu apelo desde o infinito
sempre tão ilusório
mas disto ainda nada sabes tudo ainda
encerra em si o maravilhoso da descoberta
tudo se reveste de uma película de novidade e albergo-te
sob esta asa protectora que a seu tempo desejarás
não sentir
e nessa distância inevitável da vida sinto
uma nota que vibra infinitamente ressoando
por intermináveis corredores onde o tempo
é medido por afastamentos e não duração
onde o trajecto das vivências acarreta
fronteiras incomensuráveis solidão transfigurada
pela busca de um sonho mas digo-te
nada disto é real nada disto realmente importa
quando na verdade apenas existimos na busca dilacerante
por aquilo que já fora nosso quando ainda não o sabíamos
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
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2 comentários:
Comentário inútil e desnecessário: se és o fotografo que eu tantas vezes vejo em concertos no Passos Manuel, então és a mesma pessoa que vejo muitas vezes na Faculdade de Ciências.
Andas lá, certo?
Eu sou de arquitectura paisagista :)
É bom saber que Ciências tem pessoal com bom gosto musical ;)
Abraço.
Confirmado o engano.
Então deve ser outro fotografo sem qualquer ligação à amplificasom.
My mistake.
Anyway, que venham boas fotos para caspian :)
Abraço.
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