quinta-feira, 25 de outubro de 2007

escuto a voz do silêncio, a ausência de quem parte,
e ouço o frio que se avizinha no prenúncio dos dias.
sinto o abandono roçar ao de leve a sua asa
e projectar-se na distância que cria.

sei que no fim estaremos sós, na derradeira viagem,
e que o vazio sentido na vida perfila o vazio da morte,
acolhedora na sua nula essência.

tudo se processa aqui, neste lapso temporal que baptizamos de vida,
toda a paixão, todo o ódio, todo o sonho, toda a tristeza.
o desconhecido é o dia-a-dia, a sua incerteza.

no fim a morte recebe-nos na frieza do seu abraço
e concede-nos a chave para a sua mansão,
onde esvaecemos no oblívio, no nada absoluto,
no repouso...

1 comentário:

jorgeferrorosa disse...

Profundo esse teu escrito, essa tua postura, com alguma tristeza, um vazio, uma dor, algo que inquieta, contudo, algo mais belo do que se pudera pensar. Tomo-me nesse silêncio, na metáfora do sentido e acolho-me na incerteza da caminhada.
Jorge, continua a escrever e tanto mais que ainda tens para dizer, acontecerá em tempo próprio.
Abraço com estima
da Alma