há um momento em que todas as vozes se fundem num só murmúrio,
parecemos flutuar, por vezes crescer, e ficamos alheios a tudo,
perscrutando o infinito, ou de olhar fixo num ponto,
um momento em que nos encerramos no nosso próprio mundo.
há um momento em que pesamos prós e contras, olhamos
os caminhos percorridos e reflectimos sobre o que nos tornamos,
um momento em que desejamos destruir aquilo que somos.
há um momento, tantos momentos, em que descemos,
descemos ao mais fundo de nós, e quebramos, choramos
as carícias por que ansiamos, os objectivos que adiamos.
há um momento em que a raiva vem à tona,
emerge para nos submergir, e o desespero toma conta de nós,
inunda-nos um ensejo de destruir, essa volúpia niilista,
que se sobrepõe a essa carne não-saciada, instila o veneno
que nos leva ao momento, tão negro, em que desejamos morrer,
tão belo, tão angustiante, em que desejamos renascer...
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
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2 comentários:
O que escreveste é tão belo que até me fizeste estremecer!
Quem dera poder alcançar o mais fundo de ti e dizer-te o quanto vales e tudo de bom que em ti reservas.
Quem dera não me ler nas entrelinhas e saber que também contribuo para a tua tristeza...
Numa lágrima profunda, uma tristeza indelével.
A vida é feita de momentos e estes descritos por aqui são belos. Ficam os murmúrios do infinito, fica o olhar que se dissipa no caminho sem limites, fica apenas o que somos sem ser.
Abraço
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